15 de dezembro de 2010

Calendário poético online


Participação do CAIC no Calendário Poético Online da Biblioteca Municipal de Coimbra ( mini-antologia 4 elementos + um alusivos ao tema 4 Elementos da teoria aristotélica (Ar, Água, Fogo, Terra e respectivas ilustrações). 

1. ÁGUA


Murmúrio de pequena corrente
Ou piano no suave gotejar
Bálsamo vital no tempo quente
É de água que vamos falar

Pureza líquida transparente
Doce e fresca e saciante
Preciosidade e presente
Que não nos falte um instante

Símbolo no nosso baptismo
Sinal de que iremos nascer
E quando tomba de um abismo
Canta espuma a entorpecer
E nesse canto eu penso e cismo
Em quanta beleza é dado ver!

                                        Paulo César

2. FOGO

O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil que na alma vejo.
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
Apagar seus ardores e tormentos
Na vista do que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela nave
Que queima corações e pensamentos

                                       Luís Vaz de Camões






3. AR
 









Viver de ar
Inspiro e sinto o teu aroma.
Cheiro agridoce de sol após a tempestade.
Fragrância bravia de flor.
Irresistível torrente de absinto,
Dopa mina que se apodera da percepção,
Concede-me mil sentidos secretos,
Alucinógena, eleva-me no firmamento,
Um doce arco-íris que nutre a Primavera.
E viajo nas suas metamorfoses.
Toco reflexos de estrelas-do-mar,
Vogo sem porto ou destino,
E sem jamais o demandar.
Longe, sei que te amo.
Na harmonia de um poema de Niza mi,
Douras cada grão do meu tempo,
Como o mar que acaricia a terra,
Ao jeito do vento que esculpe o deserto.
Vejo a atmosfera que abraça o planeta,
E vivo para o prazer de respirar.

                                                 M.Daedalus
4. TERRA
Revolta-se a terra quando o céu está nu
Espera por suas lágrimas no seu chão
Bela e justa recompensa
De sono adormecido no calor do Verão
Ouvem-se os ecos pela multidão de montanhas
Na forma da arte do som de um pequeno trovão
Os ventos vêm dos campos do sono
Gritam ao redor de mim
Em mil vales distantes e largos
Frio, distante, alegre e voando
Sinto-me bem, triste assim
Flores, frescas ao sol brilham frias
O amor-perfeito nos meus pés
Onde descansa o vislumbre visionário?
Onde tem a terra o seu convés?
Onde estão agora, a honra e o sonho?
Onde está o imaginário?
A terra enche o seu regaço de prazeres dela própria
Num ritmo de Inverno enfadonho, jovem
E, até com algo da mente de uma mãe
Faz o seu filho de leite, o seu habitante, Homem

                                              Raul Cordeiro
Autores das ilustrações:
Ar: Ana Martins nº 24 8º B
Fogo: José Lemos nº 435 9º B
Água: José Lemos nº 455 9º B
Terra: José Lemos nº 455 9º B

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