27 de janeiro de 2011

Homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen

A partir de hoje, Sophia de Mello Breyner Andresen será muito evocada, relembrada, homenageada. O seu espólio foi formalmente entregue, na quarta-feira passada, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, onde foi inaugurada uma exposição sobre a autora. Decorre, hoje, um colóquio na Gulbenkian sobre a sua vida e obra. Aproveitando a “onda”, partilhamos este poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.
  
MEDITAÇÃO DO DUQUE DE GANDIA SOBRE A MORTE DE ISABEL DE PORTUGAL

Nunca mais 
A tua face será pura limpa e viva 
Nem o teu andar como onda fugitiva 
Se poderá nos passos do tempo tecer. 
E nunca mais darei ao tempo a minha vida. 

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços 
Do teu ser. Em breve a podridão 
Beberá os teus olhos e os teus ossos 
Tomando a tua mão na sua mão. 

Nunca mais amarei quem não possa viver 
Sempre, 
Porque eu amei como se fossem eternos 
A glória, a luz e o brilho do teu ser, 
Amei-te em verdade e transparência 
E nem sequer me resta a tua ausência, 
És um rosto de nojo e negação 
E eu fecho os olhos para não te ver. 

Nunca mais servirei senhor que possa morrer. 
 

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